terça-feira, 23 de outubro de 2007

O Homem do Antúrio Branco




23/10/2007 10h17

Fotos;Gabriel, com os aldravistas JBDonadon-Leal, Andréia Donadon,JSFerreria, Maria Antonia e Stella Leonardos, na ABL.



O Homem do Antúrio Branco

Clevane


Gabriel Bicalho está feliz , com seu Prêmio

Mauro Mota, que recebeu, conforme já

noticiado aqui, na ABL.

Recebo a doce carta virtual/real e ,comovida,

percebo e o fremir de suas asas de Poeta



gabicalho
para clevaneplopes@gmail.com
cc Pessoa Pessoa
data 22/10/2007 12:33
assunto Divulgação Prêmio mauro Mota de Poesia UBE 2007
enviado por terra.com.br

/////////////////////////////////////////////////////////

"Querida amiga, Clevane Pessoa:

Obriga-me o coração a agradecer-lhe tanto carinho e apreço, manifestos na divulgação do recebimento do Prêmio Mauro Mota / UBE-2007, solenidade ocorrida nas dependências do Teatro R. Magalhães Jr., onde recebemos (nós, aldravistas que somos, nesta jornada impagável em prol da Cultura!) destaque extraordinário com a interpretação de meu poema "a magia da roça".
Foram momentos inesquecíveis a um poeta, cuja pretensão maior é a de situar-se através de palavras escritas, neste mundo velho de guerras. Então, ser agraciado com um Prêmio tão distinto, que traz em seu bojo a merecida homenagem ao grande Poeta MAURO MOTA cujos poemas sempre me encantaram, desde menino, pela técnica impecável e inspiração elevada, repletos de imagens apuradas e buriladas no labor daquele que soube fazer versos tão raros e como tão poucos os conseguem fazer, é uma HONRA enorme e com letras maiúsculas!
Cá estou, bastante cansado e deveras embevecido, como menino bobo e do interior que chegasse à capital das Letras para receber aplausos e homenagens de pessoas generosas e tão importantes!
Toda essa festa me extasia e assusta-me a responsabilidade, como poeta mineiro interiorano que sempre fui, de mostrar a um público maior minha produção literária tão pequenina e tão insignificante! Mas, há de haver sempre um começo e vamos começar! "Ex-corde": muito obrigado, Clevane, por tudo quanto vem fazendo por mim e pelo Aldravismo!
Um abraço fraterno do

Gabriel Bicalho."

Sei que os Aldravismo será, daqui a certo tempo, reconhecido como uma grande e inovadora escola literária.É propícia ao dizer poético dos tempos modernos.Busca a sutileza quase oriental ,tanto para a representação pictórica quanto a literária.Na primeira, Deia Leal faz uma carreira rápida, como soi ser, nos tempos modernos, mas emergente de muita disciplina, trabalho e convicção estilística.
Nas Letras, em especial na poesia, faz parte do quarteto invencível, J.B.Donadon professor na UFOP e Doutor semiologia, marido de Andréia Donadon (a mesma "Deia Leal"); J.Sebastião
Ferreira
que vem de publicar agora pelo CLESI,em parceiria com
a editora ALDRAVA,
de Ipatinga,MG, seu Jenipapo, com versos adoráveis destinados ao público infantil.A precisão poética de Sebastião, nos impressiona, bem como sua poética social.
A entrevista que aqui fizemos com ele, foi muito degustada, inclusive por pessoas de vários países e grupos a quem enviei a página.
Donadon é
a essência do estilo aldravista em
pessoa.
Quem
lê o Jornal Aldrava, encontra, naquilo que escreve,toda uma filosofia de vida, um saber literário,a argamassa de um leitor cuidadoso e voraz (possui uma bilioteca de cerca de 5 0000 títulos).Bom conhecer quem acredita
no que faz.

Andréia, que é
a RP, a divulgadora do jornal Aldrava e do Aldravismo em todas as suas interfaces e transversalidades sempre me impressiona pela garra, possui o que hoje quase não existe mais :

polidez do verbo,a capacidade de detectar possibilidades e ir atrás,sem se importar com as dificuldades,o altruísmo...Escreve da mesma forma que pinta.Estilo singular e pleno .
Os aldravistas, contemplam, por excelência,
a metonímia,partem do mínimo para o máximo, sugerem , permitem entreteceres de imaginação e usam uma imbatível metodologia participativa, uma vez que o leitor, o apreciador poderá adentrar-se em sua obra e ali instalar seus própios conceitos.
Não é fácil ser simples, para um autor.E eles
o são.
Embora na cidade haja outros participantes do aldravismo, por exemplo, D.Hebe Rola,de quem , no Dia da criança, publiquei poema enviado por Andréia,Gabriel, Donadon, Deia e Sebastião, a meu ver, formam o que os orientais chamam de "quadrado perfeito" onde cada ser
está representado.A bico de pena, fiz para Estalo,a Revista,minha interpretação do quadrado perfeito, coloquei também a mulher num deles.
E vou agora fazer quatro, cada um a representar um dos autores citos.
Eles formam essa força absoluta, pois aldravismo é um
estilo de vida,além de uma corrente literária.
Gabriel Bicalho usou o pseudônimo de Antúrio Branco para concorrer.Trata-se de uma das flores mais resistentes
que se sabe existir, muitas vezes, pensa-se se é de borracha ou plástico, quais as das imitações decorativas.Resiliente e bela, existe nas cores vermelha, laranja e branco.Mas não é à
toa que o escritor tem nome de anjo, o guardião, o anunciador Gabriel, respeitado em muitas religiões.
E essa pessoa que se tem de esgrimar, o faz em paz,somente poderia nomear-se na cor branca,onde estão milagrosamente guardadas sete cores, reveladas pela magia milenar dos prismas de cristal.
Sempre digo que ,ao nascer, colocamos personagens e passagesn em nossa vida.Os que vivem mais décadas, conforme eu e ele,sabemos que, lá na frente , a sementeira floresce.Gabriel, na carta acima, diz que , desde menino, sempre admirou a poesia de Mauro Mota.E agora, sua obra "Beiral Antigo",recebe o prêmio com o nome desse autor.Anjo de Mariana:
a cumprir a missão inovadora de anunciar ,com simplicidade:
"Ad maiora natus sum".
Anjo hodierno,antúrio branco.Aldravista,bate à porta do novo para anunciar o aldravismo.
Sua batida tem a leveza e o entusiasmo de sua alegria, seus códigos de Poeta, pródigo no testemunho de seu estilo e na generosidade de suas ãcontecências.Somente neste ano, já recebeu dois grandes prêmios.Aplaudo-o, com minhas frágeis asas de borboleta.

E para que ele recorde ainda mais as impressões da alma nessa vivência linda, cercado de escritores e com seus amigos, o quadrado perfeito oriental, a máxima de Dumas para os Quatro Mosquiteiros("Um Por Todos, Todos Por Um"), onde a quarta personagem é mulher e mais jovem,e a repetição dos flashs,logo abaixo (página
do jornal Aldrava virtual).

Tenho a felicidade de ter nele, grandes amigos, apesar da distância, sentir abrigo em Mariana, no aldravismo ,nessas almas grandiosas.Principalmente, comovo-me com seu trabalho em levar Poesia e arte às crianças marianenses, para que cresçam sob o halo da beleza absoluta.

Parabéns, Gabriel Bicalho.Parabéns,aldravistas!


Clevane Pessoa de Araújo Lopes
Belo Horizonte, MG,Brasil.
















Gabriel Bicalho recebe do Acadêmico Antônio Olinto, acompanhado do Presidente da UBE Edir Meirelles
e da Secretária da UBE Stella Leonardos

O poeta Aldravista GABRIEL BICALHO, mineiro de Mariana, recebeu no dia 19 de outubro, no Teatro da Academia Brasileira de Letras, Prêmio Mauro Mota de Poesia com a obra “Beiral Antigo”.
O Jubileu de Ouro em 2007 da UBE (União Brasileira dos Escritores) contou com a presença do escritor Antônio Olinto, membro da Academia Brasileira de Letras, representando o presidente Marcos Vinícios Vilaça e diversas personalidades culturais do Rio de Janeiro, Presidentes de Academias e representantes de outras entidades ligadas à cultura, letras e artes. A solenidade teve representação dos poetas aldravistas, Andréia Donadon Leal, J.S.Ferreira e J.B. Donadon-Leal.
No encerramento da premiação, o presidente da UBE, Edir Meirelles e a Secretária-Geral, Stella Leonardos fizeram deferência e destacaram o movimento aldravista como ícone da história literária e artística brasileira e homenagearam o poeta aldravista, Gabriel Bicalho, com a leitura declamada do poema “Magia da Roça”.
No próximo dia 29 de Outubro no auditório da Confederação das Academias de Letras e Artes do Brasil - RJ, os poetas aldravistas tomarão posse no Instituto Brasileiro de Culturais Internacionais – INBRASCI.



Mesa Diretora da entrega dos prêmio literários UBE/2007


Gabriel Bicalho recebe placa de mérito da Coordenadora de Concursos da UBE, escritora Maria Antônia





1º Lugar – GABRIEL José BICALHO (pseud. homem antúrio branco).
Obra: Beiral Antigo
Mariana – Minas Gerais



Fonte: http://www.jornalaldrava.com.br/pag_premio_mauro_mota.htm



Saibam mais sobre Aldravismo:

naveguem pelo jornal virtual Aldrava!



Publicado por clevane pessoa de araújo lopes em 23/10/2007 às 10h17
Seja o primeiro a comentar
Indique esta leitura para amigos

>> ÍNDICE

domingo, 21 de outubro de 2007

Aracy Guimarães Rosa


22/10/2007 00h47
A fabulosa Aracy Guimarães Rosa
A contista Terezinha Pereira, de Pará de Minas, Brasil, envia-me-pelo que agradeço, pois a história da mulher de Guimarães Rosa tocou-me profundamente a alma. :

"Clevane, veja que coisa interessante. Não sei se você sabe alguma coisa sobre Aracy Guimarães Rosa.
Eu não sabia nada. Fiquei encantada!

Nesta próxima semana vou ler e comentar seu livro. Estou fazendo o álbum das fotos da festa dos 80 anos. Foi um momento de muita alegria.

Diga a sua nora que fico feliz de saber que ela gostou de meu caderno de contos.

Beijos,
Terezinha"

Uma certa Aracy
Eles se conheceram em Hamburgo, na Alemanha, às vésperas da Segunda Guerra Mundial.
Ele, menino pobre, viu na carreira diplomática uma maneira de conhecer o mundo.
Em 1934, prestou o concurso para o Itamaraty e foi ser cônsul adjunto na Alemanha.
Ela, paranaense, foi morar com uma tia na Alemanha, após a sua separação matrimonial.
Por dominar o idioma alemão, o inglês e o francês, fácil lhe foi conseguir uma nomeação para o consulado brasileiro em Hamburgo.
Acabou sendo encarregada da seção de vistos.
No ano de 1938, entrou em vigor, no Brasil, a célebre circular secreta 1.127, que restringia a entrada de judeus no país.
É aí que se revela o coração humanitário de Aracy.
Ela resolveu ignorar a circular que proibia a concessão de vistos a judeus.
Por sua conta e risco, à revelia das ordens do Itamaraty, continuou a preparar os processos de vistos a judeus.
Como despachava com o cônsul geral, ela colocava os vistos entre a papelada para as assinaturas.
Quantas vidas terá salvo das garras nazistas? Quantos descendentes de judeus andarão pelo nosso país, na atualidade, desconhecedores de que devem sua vida a essa extraordinária mulher?
Cônsul adjunto à época, seu futuro segundo marido, João Guimarães Rosa, não era responsável pelos vistos.
Mas sabia o que ela fazia e a apoiava.
Em Israel, no Museu do Holocausto, há uma placa em homenagem a essa excepcional brasileira.
Fica no bosque que tem o nome de Jardim dos justos entre as nações.
O nome dela consta da relação de 18 diplomatas que ajudaram a salvar judeus, durante a Segunda Guerra.
Aracy de Carvalho Guimarães Rosa é a única mulher.
Mas seu denodo, sua coragem não pararam aí.
Na vigência do infausto AI 5, já no Brasil, numa reunião de intelectuais e artistas, ela soube que um compositor era procurado pela ditadura militar.
Naquele ano de 1968, ela deu abrigo durante dois meses ao cantor e compositor que conseguiu, sem ser molestado, fugir para país vizinho.
Ela o escondeu no escritório de seu apartamento. Aquele mesmo local onde seu marido, João Guimarães Rosa, escrevera tanta história de coronel e jagunço.
Durante todos aqueles dias, o abrigado observava, da janela, a movimentação frenética do exército no quartel do Forte de Copacabana.
Reservada, Aracy enviuvou em 1967 e jamais voltou a se casar. Recusou-se a viver da glória de ter sido a mulher de um dos maiores escritores de todos os tempos.
Em verdade, ela tem suas próprias realizações para celebrar.
Hoje, aos 99 anos, pouco se recorda desse passado, cheio de coragem, aventura, determinação, romance, literatura e solidariedade.
Mas a sua história, os seus feitos merecem ser lidos por todos, ensinados nas escolas.
Nossas crianças, os cidadãos do Brasil necessitam de tais modelos para os dias que vivemos.
Seu marido a imortalizou em sua obra Grande sertão: veredas. Ao publicar a obra, não a dedicou a ela, doou a ela seu livro mais importante.
Aracy desafiou o nazismo, o estado novo de Getúlio Vargas e a ditadura militar dos anos 60.
Uma mulher que merece nossas homenagens.
Uma brasileira de valor.
Uma verdadeira cidadã do mundo.

Segunda-feira, 7/5/2007
Aracy Guimaraes Rosa
René Daniel Decol

+ de 1300 Acessos
+ 8 Comentário(s)




A companheira de João Guimarães Rosa no período mais criativo de sua vida foi também responsável pela salvação de centenas de vidas judaicas durante a Segunda Guerra Mundial. Burlando as leis do Estado Novo, ela conseguiu vistos para refugiados judeus, que assim puderam entrar no Brasil.

“A Aracy, minha mulher, Ara, pertence este livro”. Com esta epígrafe, começa um dos maiores fenômenos da literatura mundial, Grande Sertão: Veredas, a obra-prima de João Guimarães Rosa. No entanto, ao se comemorar, no ano passado, os 50 anos da sua publicação, pouco se falou sobre esta mulher. Mas haveria motivos de sobra para manter viva a chama da memória de Aracy – ainda que ela não tivesse sido a companheira de um dos maiores escritores brasileiros de todos os tempos.

Dona Aracy, como é chamada, salvou judeus na Alemanha nazista, enfrentou as leis anti-semitas do Estado Novo, e ainda escondeu perseguidos políticos durante a ditadura militar brasileira. Enfrentou, portanto, nada menos do que três regimes autoritários, conhecidos por sua violência inclemente. Em Hamburgo, no final da década de 30, como funcionária do consulado brasileiro, ajudou refugiados judeus a saírem da Alemanha, conseguindo vistos para centenas de pessoas, apesar da lei que proibia a entrada de imigrantes judeus no Brasil. Por isso, ganhou homenagens nos Museus do Holocausto de Jerusalém e de Washington e é conhecida pela comunidade judaica de São Paulo como o “Anjo de Hamburgo”.

Depois, já na década de 60, escondeu em seu apartamento de Copacabana o cantor e compositor Geraldo Vandré, perseguido pela ditadura militar, depois do AI-5. Bonita, culta e corajosa, não deve ter sido por acaso que chamou a atenção de Guimarães Rosa.

Aracy tinha certamente algo de Hannah Arendt, a extraordinária filósofa judia alemã, autora de Origens do totalitarismo e A condição humana, e que fez da própria vida um ato de luta contra o totalitarismo. Praticava aquilo que os alemães chamam de "amizade combatente": atuava a favor do amigo, sem esperar que este lhe pedisse ajuda.

Aracy de Carvalho Guimarães Rosa é a única mulher citada no Museu do Holocausto de Jerusalém como um dos 18 diplomatas (ou funcionários diplomáticos) que ajudaram a salvar vidas de judeus. É também o único nome de uma funcionária consular, e não de embaixador ou cônsul, o que só aumenta a dimensão do risco que correu: afinal, ela enfrentou o nazismo sem gozar das imunidades garantidas aos outros diplomatas homenageados, todos de escalões mais altos.

“Aracy era a grande personagem da vida de Guimarães Rosa”, diz Neuma Cavalcante, que está escrevendo sua biografia, juntamente com Elza Mine, professora do departamento de Língua e Filologia Portuguesa da USP. O livro, que deve ser publicado no ano que vem, é baseado em recortes de jornais, anotações e, principalmente, a correspondência entre João e Aracy.

A história do relacionamento entre Rosa e Aracy é digna de um filme. Estamos em 1934. Ele, já separado da primeira mulher, Lygia Cabral Penna, e descontente com a medicina, resolve prestar concurso para o Itamaraty. “Via na diplomacia um meio de conhecer o mundo, coisa que, como menino pobre, jamais poderia fazer”, conta Franklin de Oliveira, crítico literário e jornalista que se tornara grande amigo do escritor. Graças à sua vasta cultura geral e conhecimento de línguas é aprovado em segundo lugar no concurso, e nomeado cônsul adjunto em Hamburgo, cargo de grande importância, em uma cidade-porto que devido ao seu histórico papel como centro comercial internacional tem mais consulados do que qualquer outra no mundo, com exceção de Nova York. Chega em 1938, e conhece Aracy. Começa um relacionamento que duraria até o seu desaparecimento prematuro, em 1967.

Juntos, viajaram pela Europa, passando pela Itália, França e Suíça. As impressões dessas viagens foram fonte de inspiração para livros como Grande Sertão: Veredas. “Por esses longes todos eu passei, com pessoa minha no meu lado, a gente se querendo bem”, diz o jagunço Riobaldo, em cuja narrativa se estrutura o romance, em uma possível referência à companheira.

Aracy de Carvalho Guimarães Rosa, nascida Moebius de Carvalho, filha de pai português e mãe alemã, casou-se jovem com Johan von Tess, também descendente de alemães, ainda nos anos 30. Mas o casamento durou apenas cinco anos, e terminou em “desquite amigável”, como se dizia na época. Já aí ela mostra sua personalidade: no Brasil fortemente machista da época, não era fácil para uma mulher separar-se do marido. Por isso, foi para a Alemanha com o único filho do primeiro casamento, Eduardo Tess, morar com uma tia. Falava bem alemão, inglês e francês, e conseguiu uma nomeação para o consulado brasileiro em Hamburgo. Entre outras atribuições, era encarregada da seção de vistos.

Já com fama de escritor, e conhecido por sua imensa erudição e pelo conhecimento de mais de uma dezena de línguas, Guimarães Rosa chega a Hamburgo para dar início ao período mais importante da sua vida. Uma vez estabelecido como diplomata de carreira, ele tinha tempo para fazer o que mais gostava: ler, escrever, aprender idiomas, e conhecer o mundo. Já havia percorrido a cavalo o vasto sertão de Minas Gerais, trabalhando como médico. Mas agora começava a fase cosmopolita da sua carreira.

Por coincidência, foi no mesmo ano em que entrou em vigor a tristemente célebre Circular Secreta 1.127, que restringia a entrada de judeus no Brasil. Getúlio Vargas, agora investido de plenos poderes com o Estado Novo, fora convencido pela propaganda nazista de que judeus eram perigosos. Eram comunistas – como Olga Benário Prestes, que ele entregou à Gestapo – ou capitalistas, que manipulavam o poder econômico mundial. Em todo caso, indesejáveis na formação da nação brasileira.

Mas contrariando as ordens do Itamaraty, Aracy criou esquemas para burlar a atenção do cônsul geral, salvando assim a vida de centenas de judeus.

“Minha mãe resolveu ignorar a circular que proibia a concessão de vistos a judeus, achou aquilo um absurdo, e por sua conta e risco continuou a preparar os processos, à revelia das ordens do Itamaraty e de seus superiores no consulado”, conta o filho Eduardo Tess, hoje um advogado em São Paulo. “Como ela despachava outras coisas com o cônsul geral, no meio dos papéis enfiava os vistos. Muitos judeus vinham de outras cidades; mas para que os seus passaportes pudessem ser processados em Hamburgo, tinham que provar que moravam na região. Ela conseguia os atestados, e quando entravam com os papéis, já tinham esta dificuldade resolvida”.

Rosa sabia o que Aracy fazia, com grande risco. “Como cônsul adjunto, ele não era responsável pelos vistos, mas sabia o que minha mãe estava fazendo. E apoiava”, diz Eduardo. “Os vistos eram assinados pelo cônsul geral”, lembra.

E por que ela não acatou as ordens de Getúlio, abandonando os judeus à própria sorte? “Porque não era justo”, ouvi dela uma única vez, em seu estilo reservado, como se arriscar a vida por gente que ela nem conhecia pessoalmente fosse uma atitude óbvia.

Além de citada no Jardim dos Justos, no Museu do Holocausto, em Jerusalém, Aracy foi homenageada também com o nome de um bosque do Keren Kayemet nas cercanias da cidade sagrada. Ela mesma inaugurou a placa comemorativa com um discurso, em 1985, quando fez sua última viagem internacional. E é homenageada também no Museu do Holocausto, em Washington.

Maria Margareth Bertel Levy, ou dona Margarida, como prefere ser chamada, e seu marido, o cirurgião-dentista Hugo Levy, já falecido, são alguns entre os judeus que Aracy ajudou a salvar. “Ela me levou pessoalmente ao navio, usando seu passaporte diplomático”, lembra. Dona Margarida e seu marido, como muitos outros judeus que moravam em Hamburgo, subestimaram o perigo representado pela ascensão do nazismo. No Brasil, tornou-se amiga pessoal de Aracy.

Guimarães Rosa chegou a ser denunciado por suas posições anti-nazistas. É o que descobriram recentemente pesquisadoras brasileiras que reviraram os arquivos da polícia alemã, em Berlim. Encontraram queixas então encaminhadas ao Ministério das Relações Exteriores brasileiro, dando conta que o então cônsul adjunto Guimarães Rosa fizera declarações contrárias ao regime.

Ainda assim, permaneceu em seu posto até agosto de 1942, quando submarinos alemães torpedeiam o navio brasileiro Baependi. No dia 31 de agosto o Brasil declara guerra à Alemanha. Diplomatas brasileiros, entre eles Guimarães Rosa e Aracy, ficaram sob custódia por mais de quatro meses em Baden-Baden, e finalmente são trocados por diplomatas alemães. Guimarães Rosa e Aracy embarcam para o Brasil, via Stuttgart, Madri e Lisboa.

O casal instalou-se no Rio. Como não podem se unir legalmente – ainda não existe o divórcio no Brasil – casaram-se por procuração, no México, como era de praxe na época. Ele ainda ocuparia cargos diplomáticos de grande importância – foi nomeado, por exemplo, para a Conferência de Paz em Paris, e ganhou status de embaixador. Aracy abdicou da carreira diplomática e preferiu ficar ao lado do escritor. Rosa dedicava-se cada vez mais à literatura. Em 1946 publicou Sagarana. Em 1956, Corpo de Baile, e logo depois Grande Sertão: Veredas.

Rosa foi traduzido e publicado na França, Itália, Estados Unidos, Canadá e Alemanha. Depois Polônia, Holanda, Tchecoslováquia. No apartamento com vista para o mar, em Copacabana, onde ele continuava retocando interminável e obsessivamente seus livros, e colecionando as edições internacionais que se avolumavam, o casal recebia a elite intelectual da época: o crítico Paulo Rónai (cuja família haviam ajudado a salvar da Hungria); o tradutor para o alemão Curt Meyer-Clason; o crítico Willi Bolle; seu editor americano e também amigo pessoal, Alfred Knopf; o tradutor para o espanhol Angel Crespo; o crítico francês Renard Perez; com o tradutor para o italiano, Edoardo Bizzarri, manteve riquíssima correspondência, publicada no Brasil e na Itália... Enfim, a lista é interminável.

Domingo, 19 de novembro de 1967. Três dias após tomar posse na Academia Brasileira de Letras, o que vinha adiando há anos devido ao receio de não resistir à emoção, Guimarães Rosa brincava com a neta favorita, Vera Tess, no seu escritório. Como fazia todo domingo, Vera saiu com a avó Aracy para ir à missa ao final da tarde, na igrejinha do Forte de Copacabana. “Na volta para casa, eu levava pipoca para ele”, lembra Vera, hoje uma psiquiatra em São Paulo, mãe de dois filhos, o primogênito chamado João. “Naquele domingo, ao entrar no escritório, encontrei-o parado em frente à escrivaninha. Soube depois: estava tendo o enfarte”, recorda. Aos 59 anos, no auge da carreira, quando sua criatividade parecia ter alçado um novo patamar, Guimarães Rosa morreu do coração, deixando o mundo literário atônito. “E ficamos sem saber se João existiu, de se pegar”, escreveu Carlos Drummond de Andrade em sua inesquecível elegia “Um chamado João”.

Nos anos seguintes, Aracy recebeu dezenas de homenagens. Continuou a freqüentar e a receber os amigos do escritor, e a colecionar tudo o que era publicado sobre a obra do marido. “Até os anos 90 ela ainda estava muito ativa e cultivava o pessoal dos tempos do Itamaraty”, revela uma amiga. “Com o tempo, os amigos foram morrendo um a um. E Aracy foi se apagando.”

Hoje, dona Aracy, aos 98 anos, vive em São Paulo, com o filho Eduardo e a nora Beatriz Tess. Por ironia do destino, quem tem tanto para contar, devido à idade avançada, pouco se recorda. Mas para o judaísmo, quem salva uma vida salva a humanidade, e por isso a chama da sua memória não pode ser jamais apagada. "

Nota do Editor
Texto gentilmente cedido pelo autor. Originalmente publicado na última edição da Revista 18."



Publicado por clevane pessoa de araújo lopes em 22/10/2007 às 00h47
Seja o primeiro a comentar
Indique esta leitura para amigos

>> ÍNDICE

Crie o seu próprio Site do Escritor no Recanto das LetrasPágina atualizada em 22.10.07 00:52

Deborah Brennand, 80 anos de poesia




Sempre fui fascinada pela Obra a céu aberto inclusive, de Brennand, até mesmo porque faço oficinas sobre o ocvo e escrevo a respeito e ele possui várias concepções artísticas da forma oval-assim qual o joalheiro Fabergé, ficou notoriamente conhecido pela criação de jóias,ovos de Ouro para o rei da França.
Saí menina do Nordeste e confesso que pouco sabia cobre Debora Brennand,enquanto poeta.
Noutro dia, estava visitando -o que faço, de vez em quando , com prazer -o Jornal de Poesia , do Soares Feitosa,onde também fui agraciada com a antologia do generoso amigo-e deparei-me com a Poesia de debora brennand.pensei em colocar aquiiobrilhante casal, ele com sua arte estupenda, ela com seus poemas singulares.

Hoje, recebo o texto abaixo e antecipo-me...
Fico feliz em divulgar sua lavra.Aqui,nesse "Ocaso Espetacular', a festa do poente, que tuntura de alegria os céus e as águas e manda uma luz especial à terra, cada pessoa , é "o" Caso espetacular...


Clevane Pessoa de Araújo Lopes


pessoaclevane@gmail.com


Então:

Enviado por Lucila Mogueira, da ABI


(Cecília
Costa )


Deborah Brennand, 80 anos de poesia
11/10/2007


"Vivendo e descobrindo, sempre. Quando estive em Porto de Galinhas, recentemente, para participar da III Fliporto, na tarde de sábado, uma senhora, muito bela, com cabelos brancos amarrados e rosto expressivo, estava autografando seu livro “Poesia reunida”, de mais de 700 páginas. Tratava-se de Deborah Brennand, a esposa do pintor e escultor Brennand. Todo mundo, aqui no Sul Maravilha — que atualmente não é tão maravilhoso e mitificado quanto no passado, tantos são os problemas que nos cercam, tão graves quanto os do Nordeste — conhece Brennand e costuma, quase que obrigatoriamente, visitar sua casa e ateliê nos arredores do Recife, ao fazer um passeio turístico pela cidade que nos legou tantos poetas, artistas e escritores, banhada pelo Capiberibe e pelo Beberibe. Mas acho, lamentavelmente, que são poucas as pessoas, no Rio e em São Paulo — e eu me incluo entre elas, até há cerca de dez dias —, que sabem que Deborah Brennand é poetisa, tendo criado versos fortíssimos, de luxúria e lamento, enquanto cuidava de seu maridinho, filhos e netos, e de seu Engenho São Francisco. Já que muito do que se passa no Norte e no Nordeste não ecoa, infelizmente, nas demais capitais do País. Territorialmente, somos grandes demais, talvez, o que faz com que as trocas e intercâmbios muitas vezes se percam no meio do caminho.

Por isso, eu considero muito importante a iniciativa do Governo de Pernambuco de ter aceitado a idéia de professores e pesquisadores da Universidade Federal do estado, ligados ao Grupo de Trabalho Mulher e Literatura, de reunir num livro os sete livros de poesia já publicados por Deborah Brennand, com a obra sendo um marco comemorativo de seus 80 anos. Entre as pessoas envolvidas no projeto, destaco o aluno bolsista Márcio de Oliveira, que estudou os poemas da grande poetisa pernambucana ao longo do segundo semestre de 2006 e escreveu o posfácio do livro; as professoras Luzilá Gonçalves Ferreira e Lucila Nogueira, que estão sempre a tentar quebrar o silêncio que envolve o trabalho literário das mulheres, e Flávio Chaves, Diretor da Companhia Editora de Pernambuco.

O tomo, com uma capa requintada em tom sépia e uma maravilhosa imagem angelical de Deborah na juventude, dentro de um oval, pode, apesar de sua beleza gráfica, assustar um pouco, por ter ficado extremamente pesado. Mas seu conteúdo, para quem ainda não teve a oportunidade de se aproximar da visceral lírica desta senhora, dona de voz poética muito pessoal e peculiar, é uma revelação. Rubra como a seiva de nossas veias, atordoante e dourada como o sol, triste como a mais negra solidão. Nele, estão reunidos os seguintes livros: “O punhal tingido ou O livro das horas de Dona Rosa de Aragão” (1965), “Noites de sol ou As viagens do sonho” (1966), “O cadeado negro” (1971), “Pomar de sombras” (1995), “Claridade” (1996), “Maças negras” (2001) e “Letras verdes” (2002). Contém também alguns ensaios, abrindo os livros, como o de Roberto Alvim Corrêa e Ariano Suassuna.

Acho que o melhor que fazemos, no caso de Deborah Brennand, uma octogenária cheia de vida, obcecada pela passagem do tempo, a prisão da alma e ventanias, é deixar sua poesia, doída e sanguínea falar. Por isso, vou transcrever aqui dez poemas.


Prisão

Vencendo muros de pedras
Flameja do sol o brasão
Ó real castelo em dia aceso,
Ó ruivas folhas do soberano verão
Ó tempo não apertes a corrente
Do meu sonho já agonizante
Crestada é a terra e perto
Deságua um rio de sangue
Na pastagem morta

Do meu coração


Cruel mensagem

Morto foi o sonho de um jardim
Por um verão servil, de cruel mensagem
E eu vi raízes, a vida agonizando,
Na lâmina acesa de um punhal.

Os musgos, as heras, as papoulas,
Manchavam a grama seca.
E lírios, junto ao sangue das rosas,
Magoados eram o pasto

De cavalos alheios e famintos.


Réplica de uma descendente
holandesa ao poeta César Leal

Se cheguei ao teu país, bem mereci.
Por mais que ocultes, domei perigos.
No mar pesado, em leves caravelas,
Minha pele feri nas lanças do teu sol.
A floresta brava, as facas nativas
Mataram em vão a aventura da minha raça
E, do ancestral sangue, quase desfeito,
Ressurge ainda, entre flores escuras,
A rosa nobre, alva e sucular.


Igual a mão

Velhas cortinas de renda
Por sonhos bordando brasões
Agulhas trançaram ouro e linha
Em sombras fugazes de flores
Fantasmas de um morto verão.

Cobrindo vidraças, embaçando a vida,
Escondes desvarios, alucinações,
Olhares perdidos de condessas
Caminhos ocultos na distância
E o vento forte, agitando o pano

Com a rudeza de sua mão.


Que será de mim?

Sol de fogo, luz rubra de medo.

Brilham verdes mil ramos de folhas.
O mormaço espanta vôos de sombras
e no sítio surge o canto da graúna.

O céu se queima em nuvens,
mas, nos canteiros de um jardim,
rosas saúdam o vento com pétalas
E o longe se vê agoniado
e de salsas roxas enlaçado
nos arames farpados da cerca.

Sol de fogo, luz rubra de medo,
se os montes tropeçam o que será de mim,
perdida, indo neste vale aceso?


De amarelo

Hoje devo me vestir de amarelo:
espantar os olhos negros da solidão,
tal a luz do girassol de ouro dourado
que abre pétalas iluminando nuvens.

Quem saberá (nem ela mesma) o artifício
usado para enganá-la? Sonhos? Jardins?
Não digo. Hoje me visto de amarelo
e vou, nos ramos, entoar da ave o canto.

Quero espantar olhos de solidão
que vem das grutas e abandona montes
para comer a relva rubra do meu coração.
Mas hoje, de amarelo, espantarei a fera

Fugindo, à procura de outra vítima:
Quem sabe, a mata?


Sempre

Assim, além da cerca, eu espero,
O quê? Não sei. Espero.
Embora só o vento chegue
todo arranhado, em gemidos,
caindo e já sem sentidos

Jogue aos meus pés as folhas secas.


Não é crime

O degredo das flores
da umidade da mata
para uma varanda acesa
em arcos verdes

É permitido.

Atar os ramos em sombras?
e desatá-los na colina
ou varrer as cinzas de fogueiras
Na clara tarde de março

Ainda, ainda

Mas aquele pássaro voltando
querendo entrar na gaiola
já do lado de fora, do lado das rosas
é uma afronta às nuvens e à brisa.

Assim, matá-lo não é
Crime.


Luto

Quem, vestida de negro, olha o mar?
No ombro, uma rosa de seda
agüenta a raiva do sol sem murchar.
Mas, um resto de vagas,
suja de sangue alvo
as quilhas dos barcos
amarrados em outra primavera.


Você prometeu

As vigas da casa
vão ser de aroeiras

polidas sem fim

Há sob as telhas
morcegos e aranhas

em traves puídas.


Depois, na multidão,
você me expôs de roxo.

Todos viram.

Ninguém disse:
— Esta não é a sua cor

E eu de vez entristeci.

Você esquece promessas:
ia erguer uma fonte

Jorrando céus


E nas lajes carcomidas
O pátio se alarga de vazio.

Na certa, ainda diz:

Ela é assim
Sabe viver sozinha.

Mentira

Agora mesmo me visitam
pombos, guinés, andorinhas

Que bela companhia. "



Enviado popr Lucila Nogueira , recebi através de Delasnieve Daspet, Embaixadora Brasileira de Poetas del Mundo.



ABI (Associação Brasileira de Imprensa) - Rua Araújo Porto Alegre, 71 - Rio de Janeiro-RJ - CEP 20030-012 - Tel. (21) 2282-1292

sábado, 20 de outubro de 2007

"Velhice " ou "idosidade":Marcial Salaverry





Marcial Salaverry, um bisavô poeta(*) ,prá lá de cheio de energia, gosta de discorrer sobre a "idosidade".

Conheci-o pessoalmente há uns meses,no Terças Poéticas, do Palácio das Artes,quando esteve em Blo Horizonte, para visitar a neta engenheira.Os olhos azuis brilhavam ,muito jovens e foi ótimo que o conhecêssemos.Converamos muito, ele, o poeta e contista Marco Aurélio Lisboa e eu.

A foto dele é a prova do que diz seu verbo.

(*) O bisnetinho mora em S.Luz, Maranhão, cognominada "A Ilha do Amor",Terra de Gonçalves Dias.Lá morei opor seis anos e deixei muitas amizades.

Clevane


"Só atinge a velhice,
quem assume
a idade cronológica."

Marcial



Quando de quem
se ama não se esquece,
o coração não envelhece...

Marcial





VELHICE OU IDOSIDADE
Marcial Salaverry



A diferença que existe entre ser velho, ou ser idoso, está na maneira como se encara o passar dos anos.

A esse respeito, li um pensamento muito interessante, de Oliver Wendel Thomas:

Jamais serei velho. Para mim, a velhice é sempre 15 anos mais do que eu tenho...

Sem qualquer sombra de dúvida, são sábias palavras, pois as pessoas que se consideram velhas com a simples passagem do tempo, realmente o são.

Na realidade, pode-se considerar que essa tal passagem do tempo traz como única conseqüência, algumas limitações físicas, que são muito bem compensadas pela larga experiência que os anos trazem para quem sabe equilibrar sua vida.

Essa experiência é exatamente o que permite dosar com muita inteligência as limitações físicas, e assim sendo, pode-se fazer quase tudo que se fazia quando mais jovem, ou, falando-se mais eufemisticamente, quando se era menos idoso.

Além do que, crianças, o mais importante é a IDADE ESPIRITUAL.

Conservando-se o espírito jovem, não se entregando jamais, temos condições de nos manter na ativa. O ponto básico é não se entregar ao peso dos anos.

Eles que passem, já que muito se fala na inexorabilidade do tempo, mas temos que segurar nosso espírito ativo. Não podemos nos abater com as limitações que a idade sempre traz. Aceitá-las é uma coisa, entregarmo-nos a elas é outra muito diferente.

Esse é o segredo que pode nos manter vivos e espertos.

Manter-se em alguma atividade física, para manter a circulação sanguínea em condições de não permitir o endurecimento das artérias.

Manter-se em atividade intelectual, obrigando-se sempre a pensar, a trabalhar com a mente. Uma das coisas mais prosaicas, mas que é um excelente estimulante “neuronial”, (avisem o Aurélio) são as palavras cruzadas, algo que exige grandes esforços das meninges, estimulando a memória.

Adquirir novos conhecimentos é um excelente estimulante. Sair fora da rotina da vida. Fazer algo que não fazia quando jovem.

Nesse ponto, a Internet ajuda muito. Seja em que segmento for. Já para aprender a lidar com ela, é algo que exige esforço mental, além do que, sempre está nos estimulando a pensar, obrigando-nos a manter uma constante atividade mental, pois está sempre evoluindo, e sempre temos algo de novo para aprender.

Além do que, existe a possibilidade de mantermos contato com pessoas de diversas partes do mundo. Isso logicamente além de ampliar nossos horizontes, nos traz novos conhecimentos sobre muitas coisas de outros lugares possibilitando fazer novas amizades com pessoas que, se estão longe fisicamente, chegam a fazer com que sintamos a presença a nosso lado, tal a afinidade espiritual existente.

Há que se notar um número cada vez maior de idosos utilizando a Internet para as mais diversas finalidades, sempre procurando algum tipo de vida, fugindo de uma rotina que vem cada vez mais prejudicando a saúde das pessoas.

Para muita gente, o simples fato de se trocar algumas palavras com amigos distantes já é algo de muito importante para seu dia. Para alguém que de repente se viu só, e que não tem muito pique para sair e procurar amigos, a solução está na "maquininha de fazer doidos", que possibilita, sem precisar sair de casa, fazer novos amigos, bater gostosos papos, adquirir novos conhecimentos, enfim, voltar a viver. E isso é muito bom.

Basicamente, então o segredo é exatamente esse. Sobreviver à passagem do tempo.

Não se entregar à temida velhice.

Idoso, sim... Velho, nunca.



Marcial Salaverry

EIRE


Minhas Trovas Sobre a Alegria dos Encontros entre Amigos



Rosa Magaly Guimarães Lucas , que também assina seus poemas e trovas,sonetos e tudo mais com o pseudônimo de Eire,quando a Escola tropo, de Trovadores, estava a todo vapor, era uma grande companheira para os "desafios":Pingue-Pongue,de sábado e domingo.

Hoje recebi um dueto dela com a Guida Linhares e lembrei que registrei a visita desta à velha-nova dama, ou à nova-dama-idosa?Sei lá, pois Eire´tem alma tão jovem que escreve de forma espetacular, versos eróticos,fiolosóficos, galhofeiros,líricos.Pessoazinha linda, culta e cheia de energia...
Quando resolveu fazer o primeiro e-booki, pediu-me que o prefaciasse, depois eram tantos , que os filhos revolveram fazer três e elas os chamava, na alegria de parir , seus trigêmios...

Qaundo ela recebeu a visita de Guida Linhares , mandou a foto e adorei ver a alegria nos seus rostos.Então, fiz duas trovas:


A primavera nos rostos,
os olhos, a florescer:
e nos corações ,os mostos
do vinho que vai nascer...

Clevane Pessoa

Nos encontros dos amigos,
mil borboletas nas almas,
beijam lírios,beijam trigos,
com as asas batem palmas...

Clevane Pessoa de Araújo Lopes

Belo Horizonte,21/11/2006

Para a trovadora Eire(Rosa Magali Guimarães, na foto, ente Lenildo e Guida)



clevane pessoa de araújo lopes
Publicado no Recanto das Letras em 21/11/2006
Código do texto: T297197



"Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original (autor e o link para o site "www.sitedoautor.net(Clevane pessoa de araújo lopes;(www.clevanepessoa.net/blog.php)).
Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas."

O que recebo hoje:

EL JARDÍN

Rosa Magaly Guimarães Lucas
- Eire

Versión Betty



Mi pequeño jardín! Cuanta ternura
Yo siento, cuando al contemplarte estoy!
Veo de vuelta el tiempo que pasó,
Toda una vida plena, linda, pura...


Recuerdo del barro marrón que restó
Después de la casa lista... Y el gusto
De plantarse... Germinar...Y que figura,
quedamos nosotros después que se acabó...


Fue cuando entonces mi Bien dictó la regla:
A la ladera ahora! Al calzamiento...
Será como los de otrora, todo en piedra...


Quedará linda con ese acabamiento
En cuanto la grama por entre ellas medra!
Todo me regresa ahora al pensamiento!


Jacaraípe, Serra, Espírito Santo. Brasil, 11/10/2007




O JARDIM


Rosa Magaly Guimarães Lucas

- Eire







Meu pequeno jardim! Quanta ternura

Eu sinto, quando a contemplar-te estou!

Vejo de volta o tempo que passou,

Toda uma vida plena, linda, pura...





Lembro do barro marrom que restou

Depois da casa pronta... E a gostosura

De se plantar... Gramar... E que figura,

Ficamos nós depois que se acabou...





Foi quando então meu Bem ditou a regra:

À ladeirinha agora! Ao calçamento...

Será como os de outrora, todo em pedra...





Ficará linda co' esse acabamento

Enquanto a grama por entre elas medra!

Tudo me volta agora ao pensamento!





Jacaraípe, Serra, Espírito Santo. Brasil, 11/10/2007

Seus e-books mencionados e sua mini-bio, na peimeira pessoa:


SOBRE A AUTORA



Meu nome é Rosa Magaly Guimarães Lucas, nick: Eire, nome em gaélico da Irlanda, país com o qual tenho enorme afinidade, devido a meu amor pela tradição, inclusive familiar; pelas coisas místicas; mitologia, a arte:música, -qualquer uma, desde que boa, embora minha preferência seja pela música de câmera; pintura, escultura, e mais que tudo, a poesia, a alegria, e ao mar.
Gosto de ler, viajar, conversar, fazer e manter amigos - aqui na Internet tenho alguns já há dez anos. Amo História, Geografia, e as ciências que chamo da alma, psicologia, filosofia e sociologia, falando fluentemente inglês e francês, e razoavelmente espanhol e alemão que voltarei a estudar em Janeiro. Gosto de escrever desde muito jovem, tenho poesias, prosas, e uma música cuja letra é minha também. Estou chegando ao final de um livro sobre a família de meu marido imigrantes oriundos da Alemanha, Portugal, suas ilhas, e Suiça-Alemã, pretendendo acabá-lo antes que eu acabe.Atualmente pertenço à Escola de Trovadores e Poetas e aos Trovadores Cibernautas, onde convivo com excelentes amigos e aprendo mais um pouco sobre Trovas e Poesias.

Sou casada - se Deus o permitir, completaremos a 02/07/05 Bodas de Ouro - meu marido é Engenheiro Civil, aposentado, tive 5 filhos,agora 4, pois o do meio se foi a 02/02/02, aos 45 anos deixando uma jovem que faria 21 em princípios de março. Formei-me em Tenho 11 netos ótimos e lindos, (7 mulheres e 4 homens) a mais velha casada há dois anos com um jovem alemão, agora residindo conosco, e a mais nova com 4 anos. Temos duas netas gêmeas que fazem Faculdade no Rio de Janeiro e jogam basquete pelo Tijuca Tênis Clube, parece-me que em breve irão para os Estados Unidos estudar e praticar o esporte que amam. Fiz o Curso Normal, o Técnico de Secretariado , e cursei até o final do 2º ano o Curso de Anglo-Germânica na Faculdade de Filosofia aqui em Vitória mesmo, na Universidade que hoje é a UFES.Estudei piano até o 5º ano, tendo um teclado que toco de vez em quando. Tenho excelente memória visual, e dizem que sou extrovertida e simpática... rs, tendo amigos em todas as faixas etárias. Em compensação, sou deficiente auditiva parcial, visual (não tenho mais visão panorâmica, mas graças a Deus ainda a tenho tubular, e em conseqüência das incontáveis quedas decorrentes do problema visual, ando mal e como a falecida Rainha Mary da Inglaterra, de bengala.Terminado, apesar dos trancos e barrancos que a vida me impôs, eu sou feliz!











Título: Cantos de Amor - Volume I - Volume II - Volume III
Autora: Rosa Magaly Guimarães Lucas - Eire

"(...) Confesso que ao ler os versos incendiários, plenos de uma sensualidade sutil, os românticos, os bem-humorados e os filosóficos de uma certa EIRE, imaginava-a uma jovem fogosa, com o fogo/fulgor das irlandesas, já que o nick é o nome tradicional da Irlanda.. (...) Escreve versos brancos, metrificados e rimados. Em português, em inglês, em francês, espanhol. De vez em quando nos desafia: pede poesias em respostas às suas, mas que tenham palavras inusitadas. E nos manda umas bem desconhecidas, mesmo para quem conhece muitas, como eu... E lá vêm sonetos, rondéis, trovas, prosa...(...) (Clevane Pessoa de Araújo Lopes)

"Jamais nos vimos, a Eire, autora desta obra, e eu. Seu nome completo é Rosa Magaly Guimarães Lucas. Conheço-a via Internet. Participamos de alguns grupos que trocam poemas e de um, especial, mais dedicado às trovas. É uma Escola de Trovadores e Poetas. (...) Considera-se feliz e demonstra esse estado de espírito em seus diálogos e composições. Em cada obra deste buquê de flores, está uma mensagem que tocará os leitores e leitoras, tão grande é a sua sensibilidade e seu romantismo.(...)" (Nilson Matos Pereira)

Volume I



Download: contosdeamor1.exe - E-book: formato .html



Volume II



Download: contosdeamor2.exe - E-book: formato .html



Volume III



Download: contosdeamor3.exe - E-book: formato .html


Fonte: http://www.ebooks.avbl.com.br/biblioteca1/eire.htm

E-mail de Guida Linhares:

guidalinhares@gmail.com