segunda-feira, 21 de abril de 2008
Carmen Silva ,atriz e escritora, nos deixa
Fotos:Carmen, já idosa,com toda a sua alegria de viver; Carmen, ao telefone,cena de "Amor de Perversão" (1982)de Alfredo Sterheim;e , no grupo, na forte peça de Garcia Lorca, YERMA.
Passa para outra dimensão a atriz Carmen Silva, que na novela Mulheres Apaixonadas, contracenou com oswaldo louzada (falecido em fevereiro do ano em curso),protagonizou a Flora.
Manoel carlos, o autor, enfocou o drama do casal idoso que acaba sem lugar em casa dos fiulhos-e , no caso, a neta, Dòris, vivida por Regiane Alves, não suportava a idéia de repartir,ceder espaço aos avós, no apartamento de tamanho pequeno.No lugar de escolher artistas que interpretassem pessoas mais idosas,foram escolhidos Louzada e Carmen , extremamente convincentes, já de avançada idade.
Na novela, a trama, do núcleo de Ricardo Waddington, foi dirigida porde Ary Coslov e Marcelo Travesso, mas a direção geral foi do próprio Waddington - com Rogério Gomes e José Luiz Villamarim.
Muitos anos antes, com o ator Paulo Gracindo, protagonizara outro casal, em Os ossos do Barão(1974).Em 1975.mereceu o prêmio Moliére, um dos muitos de sua longa e bela carreira.
Carmen Silva adorava seu trabalho, tendo uma vez, confessado que "gosto de trabalhar, de estar em contato com os jovens, trocando idéias e experiências"
Seu nome verdadeiro era Maria Amália Feijó, mas porcausa dos preconceitos de sua época, para não envergonhar a mãe, escolheu o nome de atriz com o qual ficou conhecida.
O início de sua carreira foi em Rádio, já que lia muito bem .Em Pelotas, trabalhava na Rádio Cultura, onde contracenou com Barbosa Lessa.
Mais tarde, foi morar em porto Alegre.Em novelas,foi atriz em mais de 15 produções de televisão .A novela Locomotivas (1977),foi um sucesso, chegou a mais de 90% de audiência.
Foi redatora de programas românticos, cômicos e infantis.E tanto que, algumas vezes, chegava a sessenta programas em um único mês.
Num de seus livros - intitulado bem Lembrado -registrou:"Artista era muito desmoralizado na época".
Em 2007,publicou Comédias do Coração e outras peças para rádio e TV (pela AGE Editora), onde relembra sua carreira de radioatriz.
Trabalhos:
Carmen Silva ,dos anos 1930 em diante,passa a trabalhar em teatro e rádio radio-atriz, apresentadora e redatora - rádios Cultura, Record e Tupi.
Em palco, várias e diversioficadas peças: por exemplo,“Mais Quero Asno que me Carregue do que Cavalo que me Derrube”, adaptada por Carlos Alberto Soffredini para a "Farsa de Inês Pereira"(Gil Vicente )– e recebeu , por sua atuação,o prêmio Moliére.
Sua estréia em televisão, foi no final dos anos 50 .
Um dos marcantes papéis foi Melica -de “Os Ossos do Barão” (1973), de Jorge Andrade;
Outras:a Pauline de Clermon em “Ídolo de Pano” (1974), de Teixeira Filho; a dona Isaura em “A Viagem” (1975), de Ivani Ribeiro; e a Flora em “Mulheres Apaixonadas” (2003), de Manoel Carlos. No cinema, tem participações no final dos anos 1940, em filmes de Wallace Downey, Carlos Hugo Christensen e Oduvaldo Viana Filho. Nos anos 1950, participa de “Carnaval em Lá Menor”, de Adhemar Gonzaga; “Rebelião em Vila Rica”, dos irmãos Geraldo e Renato Santos Pereira; e no clássico “O Grande Momento”, de Roberto Santos.
Na década de 1970 que Carmen Silva arrebanha momentos pungentes e reconhecidos no papel de Amália, a esposa de Joãozinho (Jofre Soares), que a maltrata muito,no filme “Guerra Conjugal” (1975), de Joaquim Pedro de Andrade.
Também foi premiada pelo desempenho no episódio "As Três Virgens", de Roberto Palmari -no filme "Contos Eróticos" (1977).Essa atuação a fez receber o prêmio de Atriz no Festival de Brasília.
Na década de 1980, foi destaque em “Idolatrada” (1983), de Paulo Augusto Gomes.
mais:
- “Estudantes” (1935), de Wallace Downey;
- “Angel Desnudo” (1946), produção argentina dirigida por Carlos Hugo Christensen;
- “Quase no Céu” (1949), de Oduvaldo Vianna;
- “Carnaval em Lá Maior” (1955), de Adhemar Gonzaga;
- “Rebelião em Vila Rica” (1957), de Geraldo e Renato Santos Pereira;
- “O Grande Momento” (1958), de Roberto Santos;
- “Elas” (1970), no episódio “O Artesanato de Ser Mulher”, de José Roberto Noronha;
- “Guerra Conjugal” (1975), de Joaquim Pedro de Andrade;
- “Contos Eróticos” (1977), episódio “As Três Virgens”, de Roberto Palmari;
- “Amor de Perversão” (1982), de Alfredo Sterheim;
- “Idolatrada” (1983), de Paulo Augusto Gomes;
- “O Gato de Botas Extraterrestre” (1990), de Wilson Rodrigues;
- “Até Logo Mamãe” (1997), curta de Luís Carlos Soares;
- “Lembra, Meu Velho?” (2002), curta de Giselle Jacques;
- “A Festa de Margarette” (2003), de Renato Falcão;
- “Valsa para Bruno Stein” (2007), de Paulo Nascimento.
Um ocaso com soi ser:espetacular.Ela própria , sinalizava:"As pessoas não podem perder o gosto pela vida porque chegaram a uma certa idade. Devem encontrar alguma maneira de se sentirem úteis. Manter a alegria de viver, sempre, e isso independe da idade que se tem"
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terça-feira, 15 de abril de 2008
Meu encontro com Eduardo Escorel-ontem, hoje.
Imagens jovem Eduardo Escorel
-o kit Vida ,Saúde alegria, que contém manuaiis, as gravações de teatralização dos assuntos, flashs das oficinas, cartelas para adolescentes, etc.Tudo com os desenhos interessantíssimos e divertidos do cartunista Claudius.
Quando nos encontramos, para falar de adolescência, em 1990, no Congresso de Pediatria da SOMAPE(em Cuibá, MS) , Evelyn Eisestein, uma das pioneiras hebiatras brasileiras, conduzi alguns manejos com adolescentes e ela resolveu convidar-me para o projeto Vida, Saúde,Alegria .O projeto , seria realizado no Rio, sob a experiência do desenhista Claudius Ceccon,que ilustrou, inclusive, todos os manuais e alguém cujo trabalho, muito admiro -e toda a infra-estrutura do CECIP(Centro de Criação de Imagem Popular).
Aceitei, mesmo morando em Belo Horizonte e tendo que viajar todos os fins de semana de semana para o Rio de Janeiro, retornando no domingo, tendo de sentar para escrever E relatório-que levava pela manhã ao Francesco, uma dolescente que digitava tudo para mim e depois colocava no Correio para Evelyn, mesmo sem minha revisão, pois eu trabalhava longe, no Hospital júlia Kubtscheck.
Primeiro, ministrei uma aula sobre Metodologia Participativa, no Clube Paissandu, para Educadores.Viajara com a "Família Colchete", usada para educação sexual,bonecos com ógãos sexuais, bebês nos úteros, cabelos brancos e mamas caídas, conforme a idade ou brotos mamários e pênis que podiam ficar eretos, usados não apenas em educação sexual , mas também em ludoterapia, indicativos de relações indevidas em casos , por exemplo, de abuso sexual-quendo a vítima, ou é muito criança para falar, ou está bloqueada, mormente quando os agressores pertencem á família ou são conhecidos.O medo gera bloqueios .Essa "Família Colchete, vai desde os filhos in útero-o que pode levar a trabalahr ciúmes fraternos, por exemplo, até avós .A autora , Vânia, da cidade de Contagem, criou uma comunidade de mulheres para executar esses bonecos artesanalmente.Lembro-me do quanto a idéia agradou, até mesmo porque podiam ser ligados por colchetes, reforçando assim , também as ligações afetivas.
Depois Evelyn mandou-me o extenso projeto.Li ávida e vi que seria fantástico.Meu papel seria conduzir as oficinas com adolescentes de várias classes sociais e espaços diversos de habitat:desde uma garota da favela Rocinha até menino trabalhador em feira, a adolescentes institucionalizadas no João Martinho,a filhos dos cinegrafistas, funcionários do CECIP, da médica em questão, estagiária de Medicina e ainda mães adolescentes, que iam com seus bebês de colo às filamagens -havia um rapaz simpático,de Belfort Roxo, entre outros...
Tudo seria filmado.
Eu não tinha ideia do processo todo, porque não participava das reuniões prévias, era eu e meu imaginário, aqui em Belo Horizonte e, lá no Rio, uma senhora equipe para fazer render determinado assunto...
Acostumada a ministrar sozinha todos os temas da adolescência em oficinas,pelas secretarias de estado cedida pelo Depto de Adolescência do MS,surpreendi-me com a quantidade de profissionais contratados, desde a Dra.Dirce Drach,advogada que fora secretária de Darcy Ribeiro em Brasília, até a Dra Tereza Aquino, psiquiatra em clínica especializada em drogadicção.
O estúdio era depois da linha vermelha.Tomava ônibus, metrô e táxi, meio cabrera com a distância - claro, acostumei-me após três meses de trabalho.
Eu não sabia que as oficinas seriam apenas para captação da fala autêntica dos adolescentes.Estes, aparecem depois em laivos de imagens, pois adolescentes de Teatro, depois seriam filmados em um interessante cenário:seus camarins onde, enquanto se preparavam para atuar, conversavem sobre os temas abordados:sexualidade, gravidez precoce, violência, drogadição,saúde bucal entre muitos mais.
Fui apresentada ao Dal, segundo me disseram,escritor fantasma de Segredos de Adolescente,de Marina Mariana (livro depois transformado em peça que fez muito sucesso),mas depois não continuou e outro o substituiu.
Os roteiristas anotavam os diálogos , minhas perguntas, as respostas.
Eu criei as dinâmicas para os manejos de grupo e foi um dos trabalhos mais gostosos que fiz.Com elas, escrevi o "Pequeno Manual Para Atender em Grupo", ainda inédito, mas cujas técnicas são descritas num dos manuais do kit(imagem acima).
De repente, Evelyn apresentou-me ao Eduardo Escorel.Fiquei quase muda.Eduardo Escorel!O do Cinema novo! Montador de Terra em Transe, do Glauber Rocha.Louca por cinema, em Juiz de Fora, quando repórter da gazetra comercial,fiz uma breve curso na Pró-Reitoria, de Cinema Brasileiro.Meus pais, cinéfilos.Eu apreciava muito o que ele fazia e ali estava, à minha frente, num trabalho em comum...Eduardo Escorel!
E mais:em duas situações ,principalmente,Escorel manifestou-se bem impressionado com o resultado de meu trabalho.Numa, expliquei aos adolescentes, rapidamente, que deveriam simular um atendimento clínico em posto de saúde público.Um doente, que deveria falecer, os parentes,com toda aquelas queixas pertinentes ao atendimento, o médico, sem culpa, mas envolvido no atendimento precário.Uma espécie de psicodrama social.Os garotos saíram-se tão bem, que depois Escorel me perguntou se houvera um ensaio prévio.Não, expliquei-lhe:eu vinha de avião e direto para o estúdio de gravação.Noutro lance, criei uma discussão entre irmãos verdadeiros, participantes, por causa de um boné.Os pequenos representaram muito bem a situação-e eram os caçulas do grupo- os demais ficaram assustados.então, trabalhei com eles os sintomas do medo, o pãnico, a evitação da violência desnecessária, em favor da paz interior, da família, da comunidade, do mundo.
Meu vínculo com os adolescentes, foi forte.Parecia uma terapia de grupo e por certo, este teve um efeito terapêutico.Fortaleceu personalidade e minimizou os aspectos conflitivos dessa fase de vida tão especial, ponte para a vida adulta.
E eu, de vez em quando olhava aquele homem, de pé,ao lado das Cãmaras e dos cinegrafistas, observando tudo e que quando se dirigia a mim, sorría um sorriso encantador.E pensava:Eduardo Escorel!Eduardo Escorel!
Hoje, liguei a TV,no Canal Brasil, quando a Academia Brasileira de Cinema entregaria o Troféu Grande Otelo.
De repente, ele é premiado:
Melhor Montagem de Documentário,pelo filme Santiago .Vejo-o levantar-se, elegante como sempre, espera perto dos degraus, por Livia Serpa, jovem parceira do trabalho e , galantemente, subir com ela até ao palco.Vejo-lhe o rosto onde as belas feições ainda se mostram;ele nasceu em 1945.
E venceu entre grandes documentários:Pro Dia Nascer Feliz (João Jardim, Renata Baldi e Joana Ventura).Jogo de Cena (Jordana Berg),Person (Sérgio Mekler e Cristina Amaral),Estamira (Tuco).
Escorel foi um dos montadores mais apreciados do Cinema Novo.Além do cito Terra em Transe (1967),um cult e a marca de Glauber,"O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro" (1969), "O Leão de Sete Cabeças" (1970) e "Cabeças Cortadas" (1970); para Joaquim Pedro de Andrade em "O Padre e a Moça" (1966), "Macunaíma" (1969) e "Os Inconfidentes" (1972); para Carlos Diegues em "Os Herdeiros" (1969) e "Joanna Francesa" (1973); para Leon Hirszman em "São Bernardo" (1972) e "Eles Não Usam Black-Tie" (1981); e para Gustavo Dahl em "O Bravo Guerreiro" (1968).
Diretor, produtor, roteirista, montador ,sim ,mas também ator, esse paulista de 63 anos, que mantém o charme intocado...
Em 1975,realizou o filme "Lição de Amor" ,que foi seu primeiro filme na qualidade de diretor de longa-metragem.
Fiquei muito feliz, ao ver que continua trabalhando e que recebe o "Oscar Brasileiro", com essa beleza de documentário.Bem, vi trechos, mas deu para sentir.Depois, buscarei vê-lo por completo.
E daqui, parabenizo-o.Que ocaso espetacular, desses que se expandem pela linha do horizonte e fazem com que voltemos todos os dias, em busca de mais beleza.
Clevane Pessoa de Araújo Lopes
Diretora Regional do Instituto Brasileiro de Culturas Internacionais em Belo horizonte, MG, Brasil.
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