segunda-feira, 21 de janeiro de 2008
Entrevista com o Poeta João Justiniano
joaojustiniano
CLEVANE ENTREVISTA
1)Nome completo e nome artístico:
a) João Justiniano da Fonseca;
b) João Justiniano
2) Profissão:
Servidor Público aposentado como Conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios Bahia.
Naturalidade: Rodelas, Bahia.
Idade: 87 anos (30/06/1920)
Estado civil: divorciado
3) Mora onde? – Salvador, BA, à Rua Mato Grosso 478/602, CEP 41830-150, Ed. Mansão Real da Pituba – Bairro Pituba.
4) Site ou blog, se tiver: www.joaojustiniano.net
Entrevista:
a) Você se sente poeta desde que idade?A poesia é necessária?
Aos 14 anos escrevia o primeiro poeminha para a primeira namoradinha, uma menina de olhos verde-mar, cabelos de ouro. Ainda hoje admiro as louras. Saindo da namoradinha saí da poesia para reencontrá-la aos 19 anos com outra mulher. Ai fizemos votos de eternidade, a poesia e eu. A mulher... Passamos a outra logo. Logo. Ainda era a idade das crianças.
Se necessária a poesia? Como a água e o pão são necessários à vida material, a poesia é necessária à vida do espírito, à sensibilidade. De que forma seria composto o hino heróico, pátrio, eclesiástico e a cantiga de amar e amor? Não fosse o poeta, quem seria o seresteiro? A poesia é alma de um povo, e só por isso é absolutamente necessária à estabilidade emocional da pessoa humana.
b) O olhar da sociedade sobre os poetas mudou? Você sofreu algum preconceito, ou, pelo contrário, foi homenageado por ser um poeta?
Nunca sofri restrições, antes, antes sempre fui amado e louvado porque sou poeta. Poderia citar exemplos, se fosse o caso. Não sei se recebi homenagens, não sei bem o que é isso. Distinção muitas vezes. Tenho alguns títulos de sócio correspondente de academias, sem jamais solicitar. Isso é alta distinção, acredito. Sou corresponde da Academia Goianiense de Letras, da Academia Anapolina de Letras, da
Academia Petropolitana de Letras, da Academia de Letras Raul de Leone, de Petrópolis. Sou acadêmico correspondente na Bahia da Academia Rio-grandense de Letras e acadêmico titular da Academia de Artes Ciências e Letras Castro Alves, de Porto Alegre, sem que o pleiteasse. É distinção maior, suponho, homenagem não sei, acho que não mereço.
c) Quando publicou o primeiro poema? Gosta de dizer seus poemas, declamá-los ou lê-los?
Em 1960, em Belém do Pará, publiquei meu primeiro livro - SAFIRAS E OUTROS POEMAS.
Dizer que não gosto seria uma deslavada mentira. Quem escreve gosta de ser lido, no caso do poeta, creio que todos gostamos de declamar nossos poemas. Pessoalmente, na hora de declamar sou quase impedido pela timidez, que chega a embotar a memória e engasgar o poema. Só em em momento de absoluta descontração, o que quase nunca acontece em momentos solenes de declamação, consigo dar o recado sem dificuldade. Não gosto de ler. Gaguejo.
d) Qual seu gênero poético predileto?
Hoje o soneto, do qual muitos não gostam e alguns amaldiçoam. Fui muito de longos poemas. Quem ler SONHOS DE JOÃO e BRADOS DO SERTÃO, vai encontrá-los. Senti a conveniência de resumir o escrito e entrei pelo soneto e pelo sonetilho. Hoje, praticamente só faço bem em poesia, isto. Fui por algum tempo da trova. Deixei porque considero que a trova é muito boa ou não agrada, quero dizer, não presta. A grande maioria que tento ler, não me atrai. O haicai. Eventualmente escrevo algum, dispensando-me da rima. Prefiro, na trova e no haicai apresentar um pensamento, deixar uma lição. Mas a trova não dispensa a rima, nunca. Aí eu escapulo, porque não a encontro bem.
e) Já recebeu algum reconhecimento, prêmio ou classificação em certames literários?
Não. Em moço concorria a concursos de trovas e poemas. Recebi alguns troféus que não guardei.
f) O que mais gosta de fazer?
Houve um tempo que lia muito. Hoje já leio com dificuldade. A vista. A lente já não alcança a letra pequena, foge muito. Tenho uma deficiência auditiva que me desestimula da música, não vou ao teatro, porque praticamente não aproveito. Aqui, dia noite no computador. Uso um aparelho que ajuda, mas não resolve.
g) Onde escreve? Precisa de um espaço, um clima especial ou faz versos em qualquer lugar?
Não em qualquer lugar, no sentido de improviso. Em qualquer lugar, isoladamente, à frente da máquina. Pode até haver gente nas proximidades desde que não me interrompam. Não escrevo à mão. A bem dizer não sei pensar fora da maquina. Antes era a Olivet, hoje o computador. A mão jamais. Fiz isso na mocidade, há muitos, muitos anos. Há de ser alguma coisa como um hábito. Tive um amigo, bom escritor, que dormiu aos oitenta e dois anos, que não foi capaz de adaptar-se ao computador. Escrevia fértil e facilmente em cima de uma olivet.
h) Deixe um recado para os poetas iniciantes.
Ler primeiro, depois escrever. Aos 14 anos, orientado pela mestra, li José de Alencar em Iracema. E não parei mais. A mim, a leitura estimula. Lendo, às vezes fecho o livro para escrever um poema. Quem escreveu que eu lesse que a criança aprende a falar ouvindo e o escritor aprende a escrever escrevendo? Não me ocorre o nome. Penso que antes de escrever será preciso ler. Quando começar, se gosta, vá em frente, não ouça aves agoureiras. Poderá consultar seu professor de letras, sendo estudante, fora disso, algum modo vire-se. Mande às favas os agourentos.
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Entrevista com o Poeta João Justiniano
quarta-feira, 16 de janeiro de 2008
Bilá Bernardes lança seu livro em BH
INBRASCI Minas Gerais e Jornal Aldrava Cultural repassam
Na capital mineira, Belo Horizonte,acontecerá o Lançamento do livro da Poetisa Bilá Bernardes (*)no LETRAS E PONTO!
A autora é pedagoga ecostuma levar Poesia à escola, em oficinas muito criativas.
Por um tempo , ela própria criava artesanalmente, seus livros.Agora, entrega à aNomelivros, editora do poeta Wilmar Silva, curador do Terças Poéticas,a edição deste seu poemário.
Veja a programação no convite e, se morar ou estiver em Belo Horizonte, compareça, pois a autora é alguém muito doce e simpática, mas cheia de energia e garra.
Com prazer, fui convidada pela autora para apresentar um dos poemas de seu livro.
Clevane Pessoa de Araújo Lopes,
Diretora Regional do InBrasCI em Belo Horizonte,Minas Gerais
Um Poema da autora (de "Poetas En/Cena"- antologia editada por Virgilene Araújo e Rogério Salgado:"Reunião de poemas de poetas brasileiros no BELÔ POÉTICO"):
TRAIÇÃO
A tua traição
foi levar o meu sol
a tua utopia
foi tentar seguir só
a tua promessa
se perdeu nas esquinas
deixas frestas
fumaça
ausência
Busco outro destino.
(*)Bilá Bernardes é o pseudônimo literário de Maria Angélica Bernardes Santos, nascida em Santo Antonio do Monte e radicada na capital mineira.
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Livro de Bilá em BH:Fotografias de Descasamento
quarta-feira, 9 de janeiro de 2008
Cem anos de nascimento de Simone de Beauvoir
Há cem anos, exatamente (09/01/1908), nascia uma mulher chamada Simone de Beauvoir, uma precursora da mulher empoderada em seus direitos legais e naturais.
Companheira de Sartre, ficou muito conhecida, em especial por causa de seu livro,apresentado geralmente, em dois tomos , chamado"O Segundo Sexo", onde analisa detalhadamente a condição feminina em várias culturas e em todos os tempos.Também por causa de "Os Mandarins", onde a condição de ser do escritor,é colocada a olho nu.
Simone de Beauvoir causou muita polêmica, por seu relacionamento com Jean Paul Sartre, não apenas pela continuidade, intensidade e singularidade, mas, em especial, porque ambos viviam um a amar e admirar o outro embora totalmente livres para relacionamentos ocasionais com outras pessoas, numa amplitude de respeito ao ser do Outro.Ambos sabiam que sempre seriam o porto seguro um dos outro.Juntos, conheceram muitos países, inclusive o Brasil, onde estabeleceram um relacionamento de amizade forte com o casal de escritores Jorge Amado-Zélia Gattai.
Bepois de públicar seu diário(Memórias de Uma moça bem Comportada"), Simone deu-lhe continuidade relatando detalhadamente sua vida com Sartre e com outras pessoas, em "A Força das Coisas".É nesse livro, que ela narra sua visita a nosso País.
Existencialistas, de esquerda sem serem comunistas, os escritores viveram os reflexos da guerra na Europa, a difícil questão entre França e Argélia.Posicionados contra a tortura e pelos direitos humanos,participaram intensamente de vários movimentos .Em sua época , os escritores representavam seus países, suas facções, seu ideal, sua cultura.
Licenciada em Filosofia , pela Sorbonne(1929),nessa ocasião, apresentaram-lhe SARTRE.
Seu primeiro romance que fez sucesso, foi "A CONVIDADA"(em 1943).O casal conviveu com muitos artistas autores franceses e de outros países,renomados .
Sua morte, em abril de 1986, há pouco mais de duas décadas, encerra um capítulo extraordinário da literatura Mundial, de um "modus vivendi", um "savoir vivre" bastante peculiares.Suas idéias e comportamento- falo do casal e de cada um deles individualmente- influenciaram gerações.
Quando Sartre lhe fala sobre seu relacionamento com "M", contando a ela que agora "a afeição deles era recíproca",que pensavam em passar de de três a quatro meses juntos por ano,a preocupação da escritora foi que ele estivesse se deixando levar pelo "romanesco dessa aventura", uma vez que ele falava "com tanta alegria", conta Simone,sobre "as semanas passadas com ela (M)em Nova York...Revela:"Quis tirar tudo a limpo.Muitas vezes acontece,quando uma questão perigosa nos queima os lábios.Escolhermos mal o momento de nos livrarmos dela(...),perguntei:"Francamente, de quem você gosta mais, de "M"ou de mim?"
-"Gosto muitíssimo de M.,respondeu-me Sartre,mas é com você que eu vivo.
(...)Mais tarde, Sartre se explicou;havíamos sempre atribuído mais verdade aos comportamentos do que às frases, e era por isso que, em vez de se perder em discursos,ele invocara a evidência de um fato.Acreditei nele."
A própria Simone, manteve, por exemplo, um caso com o escritor Algren e viajava , sempre que possível, aos Estados Unidos para estar com ele .Mais tarde, envolveu-se com Lanzmann.Os dois tornaram-se , ao mesmo tempo, amigos de Sartre e conviveram com eles enquanto casal.Ou seja, àquela época, não apenas mantinham um casamento aberto (embora não tivessem se matrimoniado legalmente),mas também davam um inusitado exemplo de respeito à liberdade de ser um do outro, sabiam que sempre retornariam para a unidade nuclear que formavam e que eram duas pessoas, não uma, qual o mito romântico apregoava.E praticavam o hoje decantado amor incondicional.
Hoje, por uma delicada e significativa sincronicidade cósmica,estava acamada e reli "A Força das Coisas" e, de repente, revendo a orelha da contracapa, vi que justamente nesta data, ela nascia.Estrela de grandeza rara.Nós, mulheres, devemos a ela os estudos sobre a condição feminina que tanto ajudaram , não apenas na compreensão do papel de gênero, mas ainda a elaborar leis mais justas para as mulheres, ainda em pleno combate , em busca de reconhcimento e respeito.
Levantei-me e vim digitar essa chamada:há cem anos, nascia Simone de Beauvoir.
Eis algumas de suas palavras:
(...)"Nunca é justo assumir ares de superioridade com pessoas cujas dificuldades não se partilhou".
"(...)Só se lança o escritor sobre um pedestal para melhor conhecê-lo e concluir que se errou ao colocá-lo ali".
(...)"Eu desejava ser lida enquanto viva,por muita gente,desejava que me estimassem,que me amassem.Estava pouco ligando para a posteridade.Ou quase não ligava".
(...)"Durante esse período, mantive um diário.Eis aqui o extrato dele;revela, aquilo que minha memória não consegue ressuscitar:a poesia cotidiana da minha vida."
"Uma coisa realmente deu certo em minha vida:meu relacionamento com SARTRE.Em mais de trinta de anos.só dormimos separados uma noite(*).Essa longa união não atenuou o interesse que mantemos em nossas conversas>uma amiga observou que cada um de nós sempre houve o outro com grande atenção.Entretanto, tão assiduamente criticamos, corrigimos,sustentamos reciprocamente nossos pensamentos ,que eles nos são todos comuns."
Essa, a meu ver, a essência da relação conjugal ou de amizade que perdura:o diálogo franco. Ela revela, com simplicidade :"se nos fazem uma pergunta,acontece-nos de formular juntos respostas idênticas",no epílogo de "A Força das Coisas".Pena que a maioria das pessoas não tem suficiente coragem para serem elas mesmas frete ao ser amado ou aos amigos , esquecem que somos amados "apesar" de nós mesmos , além de porque somos nós mesmos...
CLEVANE PESSOA DE ARAÚJO LOPES
BELO HORIZONTE,MG,BRASIL, 09/01/2008
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